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quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Passeios da década de 40 e o "footing" da praça
Aos sábados e domingos à noite, havia “footing” na praça central. Enquanto a banda musical tocava no coreto, a juventude dava voltas na praça à procura normalmente de um novo namoro. As moças iam da esquerda para a direita e os rapazes vinham da direita para a esquerda, de quem os olhava da calçada do Recreativo-Gabinete. Havia três duplas de voltas, com moças e moços se cruzando de tal modo que pudessem se olhar cara a cara, facilitando o flerte e o convite para sair. As voltas maiores eram reservadas às pessoas brancas, da classe média, enquanto a dupla de voltas do meio era reservada às pessoas do nível mais modesto, e a dupla de voltas menores, a do meio da praça, a mais próxima do coreto, era freqüentada por pessoas de cor.
Havia naquele tempo discriminação social e preconceito de cor tão acentuados, que se demonstravam claramente em público sem nenhum temor. O pior: os que pertenciam à elite não entravam nessas rodas. Ficavam espiando e debochando de longe, da calçada do Recreativo e do Gabinete de Leitura, metidos numa fatiota, parecendo que analisavam de cima de um trono a pobreza de seus semelhantes. O “footing” começava ao escurecer de sábado e domingo e não passava das 22 horas, quando a banda musical parava de tocar e se desfazia, no mesmo tempo, o “observatório da discriminação social”.
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